16 de agosto de 2017

Resenha: O Amor nos Tempos de Ouro

Carvalho, Marina. O Amor nos Tempos de Ouro, 2016.

O primeiro romance histórico da escritora mineira conta história de Cécile Lavigne, uma dama franco-prussiana que perdeu a família e agora estava sob o poder de seu tio Euzébio. O tio, ambicioso, arranjou um casamento da sobrinha com um dos homens mais influentes nas terras de Minas Gerais. Mais influente e mais odiável também. 

Cécile viaja para o Brasil e desembarca no Rio de Janeiro, onde permanece dois dias antes de seguir viagem para Minas Gerais. Essa segunda jornada é um desafio, Cécile e sua dama de companhia, Úrsula, são levadas por Fernão e seus homens nessa empreitada. Porém, a colônia apresenta muitas surpresas por seus caminhos e o grupo terá que se adaptar para concluir viagem.

Leio na Rede, Gaby Monteiro
Foto: Gaby Monteiro

Fernão é um homem correto, mas que realiza todos os tipos de negócios com homens horríveis como Euzébio e Euclides, o futuro marido de Cécile. A francesa estranha tudo na nova terra, o modo de se vestir, o clima, o modo de falar e até mesmo Fernão, um homem bonito, mas um tanto quanto rude. Cécile foi criada de forma diferente das outras damas da época, sempre correu livremente com seus irmãos e não se preocupava tanto com as regras da sociedade, por isso também, achava horrenda a forma como os escravos e os criados eram tratados e não hesitava em se dirigir a eles como se dirigia a qualquer outra pessoa: educada e com carinho. Isso causou espanto na maior parte das pessoas, mas também fez com que muitos se afeiçoassem a ela, inclusive Fernão.

Uma vez concluído o trajeto até as terras de Euclides, Cécile conheceu o outro lado da vida na colônia, a parte triste e horrível, os castigos dos escravos, a submissão ao chefe da casa… Mas a francesa não ia permitir que as atrocidades continuassem acontecendo perto dela e por tomar atitude, sofreu consequências…

Leio na Rede, Gaby Monteiro

O livro é narrado em terceira pessoa e intercala a narração com passagens do Diário de Cécile e cartas de Fernão. E cada capítulo é iniciado com um trecho de uma poesia que tenha relação com o conteúdo daquele capítulo. Logo no início, Marina faz uma nota para os leitores contando do processo de pesquisa para se escrever a história que se passa na primeira metade do século XVIII. Foi a primeira vez que a autora se aventurou no gênero e eu gostei muito do resultado. Os personagens foram bem construídos, assim como a ambientação e é impossível não se recordar das aulas de história durante a leitura, ligando os fatos fictícios e os reais. Outro ponto que contribuí é a linguagem muito bem adaptada à época e aos diferentes idiomas utilizados.

O ritmo da história também me agradou, não tem um momento que ela fica parada, sempre algo está acontecendo, todas as cenas apresentam um ápice, principalmente as que tem escravos e Euclides envolvidos. Mas até cenas que tem somente Fernão e Cécile fazem o coração bater mais rápido.

A autora está escrevendo uma continuação para a história, focada em outra personagem, a Malikah. Ela é uma escrava na fazenda de Euclides e tem muita coisa para contar, eu mal posso esperar para ler! Outros personagens secundários que roubam a cena e o coração do leitor são Hasan e Akin, também escravos e amigos de Cécile. 

Leio na Rede, Gaby Monteiro
Foto: Gaby Monteiro
A única coisa que me incomodou foi o fato de as Notas que explicam alguns termos e traduzem outros só aparecerem em uma página ao final do livro e não no pé da página aonde tem a expressão a ser traduzida. Ficar indo até o final para descobrir o que está falando e depois voltar para o meio da história, quebra um pouco o ritmo, mas tirando esse detalhe eu amei o livro e é o meu segundo favorito da autora, atrás do meu amorzinho Azul da Cor do Mar.

Além de ser o primeiro romance histórico que Marina publica, foi o primeiro livro que ela publicou pelo selo GloboAlt e a editora fez um ótimo trabalho. Eles colocaram para a votação do público qual capa deveria ser a escolhida, que ficou maravilhosa, a fonte do título também remete muito à romance histórico e o interior tem detalhes que deixam ainda mais especial a leitura. Além disso, a editora fez vários marcadores em fita com um pingente que combine com a história como a chave que eu tenho ou um coração.

Eu dei 5 de 5 estrelas para Amor nos Tempos de Ouro e mal posso esperar para o segundo livro. Deixa aqui nos comentários se vocês já leram e qual seu Romance Histórico favorito.

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