Olá, leitores
do Leio na Rede, como vocês estão?
Quando a Gaby
me convidou para participar do Outubro Especial, fiquei muito animada e comecei
a pensar sobre o que escreveria... Foi quando surgiu a ideia de contar para
vocês como a carreira de escritora mudou a minha vida (em vários sentidos haha).
Então vamos lá...
1. Eu me tornei uma pessoa completamente
obcecada por nomes.
Do fundo do
coração, eu espero que isso também aconteça com outros autores, mas eu não
posso ver um nome diferente, bonito e legal de pronunciar, que já guardo na
gavetinha do meu cérebro de nomes possíveis para futuros personagens. É mais
forte que eu, quando vejo, já até tenho as características físicas, jeito de
ser e tudo mais. Sabem aqueles pais de primeira viagem que ficam horas
pesquisando significados dos nomes na internet e fazendo listinhas sobre as
opções? Prazer, Lavínia.
2. Descobri que a minha memória é seletiva.
Não dá! Eu não
consigo decorar aquelas fórmulas de Física, Matemática ou sei lá o quê, mas se
uma ideiazinha (por mais boba que seja) cruza o meu cérebro, acabou! Não há
nada no mundo que me faça esquecê-la, mas não me venha com essas equações de
velocidade, aceleração, soma dos termos de uma PA... (eca!).
3. Virei a maluca que fala sozinha na rua.
Ah, vai...
todo mundo fala sozinho, pode confessar! Eu também falava antes de me tornar
escritora, mas a diferença é que nunca tinha a coragem para isso na rua. Antes
eu combinava comigo mesma o que ia fazer naquele dia, reclamava ou comemorava
algum fato, nada demais e sempre em casa... Acontece que, depois de me tornar
escritora, meu cérebro passou a ser um salão de encontro de personagens; eles
simplesmente dominaram tudo! Quando percebo, as frases já saltaram da minha
boca e aí não tem mais jeito!
4. Perdi toda a vergonha para falar em público
que ainda ousava habitar meu ser.
Quem me
conhece, sabe: eu não sou uma pessoa que possa ser chamada de tímida – ok, sem
eufemismos! Como diz a minha família, sou bem “despachada” (e é por isso que eu
amo ser geminiana e ter uma desculpa para usar termos mais chiques como
“comunicativa”, “versátil”, “sociável” quando no fundo, no fundo, a verdade é
que sou faladeira e cara de pau). No entanto, me lembro como se fosse hoje da
primeira palestra que dei em uma escola; eu estava mortinha de vergonha (dê um
desconto básico, eu tinha treze anos!). Levei um tempo para me adaptar a isso,
mas hoje acho supernatural (e amo!) quando as escolas me convidam para bate-papos.
Só que o melhor de tudo é que isso me influenciou em vários aspectos, e são
raras as situações em que fico tímida (eu disse tímida, não nervosa, porque aí
é outra história...).
5. Me tornei uma observadora muito mais
atenta.
Manias, jeito de andar, histórias
engraçadas, piadas internas... Tudo que vejo no meu dia a dia passou a ser útil
no meu processo de criação (lembra da gaveta de nomes? Tem uma para arquivar
isso também!). Eu costumo avisar: ter uma escritora como
amiga/namorada/filha/qualquer outro laço é algo complicado. Esse tipo de gente
não pensa duas vezes antes de se apropriar do que viu ou ouviu e, quando você
menos espera, tá lá no livro aquela história bobinha que você, inocentemente,
contou à sua amiga escritora. “Desculpa, mas qualquer semelhança é mera
coincidência!”, ela vai dizer com a cara mais lavada do mundo.
Mas, convenhamos, copiar é a mais
sincera forma de elogio, né? Se sua história foi usada, é porque ela era boa o
bastante! Logo, fique lisonjeado e abrace sua amiga escritora (queridas pessoas
que convivem comigo, essa é para vocês! <3 font="">3>
6. Passei a usar os livros para tocar em
assuntos sérios de forma leve.
Quem é de
humanas vai me entender! A gente sempre gosta de fazer uma crítica social aqui,
desconstruir um preconceito acolá... E eu encontrei força nas minhas
personagens para fazer isso. Em De Olhos Fechados (meu segundo livro), contei a
história da Cecília, uma protagonista cega, e abordei alguns desafios internos
e sociais enfrentados por ela. Quando estava escrevendo meu novo livro, “Entre
Três Mundos”, vi que, apesar de ser negra e apesar de a maioria da população
brasileira também ser, meus personagens não eram e, por isso, senti a
necessidade de mudar e de fazer com que os meus leitores se identifiquem com
aquilo que leem. Já no meu projeto atual (ainda sem título), quero trabalhar mais
sobre a questão do racismo no Brasil.
Ao mesmo
tempo, eu escrevo para adolescentes e não sou nenhuma expert em sociedade (haha) e, por isso, tento tratar a
representatividade de maneira leve e fácil, mas que seja capaz de atingir os
leitores – o retorno que venho recebendo é fantástico! – e de me fazer crescer
– sempre acabo aprendendo com os meus personagens.
7. Me apaixonei por gramática.
“Doida” é o
adjetivo mais comumente utilizado pelos meus amigos quando caímos nesse assunto
(em vários outros também, mas vamos deixar isso pra lá). Depois que eu comecei
a escrever, aprender regras ortográficas passou a ser um hobby. A língua portuguesa é dificílima, e eu tenho a impressão de
que nunca serei capaz de aprender tudo, mas talvez seja esse desafio que me
motiva! Tem sempre um site sobre regência e reforma ortográfica aberto para me
ajudar enquanto escrevo, e fico tentando arrumar macetes para decorar, mas,
infelizmente, isso não é suficiente para ser imune a erros e (claro!) sempre
acabo cometendo. O mais legal é que consigo perceber meu desenvolvimento de uma
história para outra (além dos títulos publicados, tenho outros no meu
computador), e isso também me motiva a continuar aprendendo.
8. Comecei a conhecer gente do Brasil inteiro!
Sempre me
disseram que, quando você publica um livro, aquela história deixa de ser só
sua, e eu só fui entender isso quando aconteceu comigo. Depois dos meus livros,
comecei a ter contato com leitores, escritores e blogueiros de todas as regiões
do Brasil. É incrível como que perdi o controle das minhas histórias (no melhor
sentido da expressão), e elas passaram a ir para lugares que eu nunca imaginei!
Acho isso uma das coisas mais gostosas de ser escritora!
Enfim, eu
poderia escrever um livro só sobre como a minha vida mudou depois de ter publicado
os meus xodós, mas tive que escolher apenas algumas... Espero que tenham
gostado e, se sonham em publicar suas histórias também, a minha dica é: corra
atrás! Não perca a oportunidade de ter a sua vida transformada também!
Beijos de luz,
Lavínia Rocha.
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