28 de outubro de 2015

Outubro Especial: Lavínia Rocha

Olá, leitores do Leio na Rede, como vocês estão?

Quando a Gaby me convidou para participar do Outubro Especial, fiquei muito animada e comecei a pensar sobre o que escreveria... Foi quando surgiu a ideia de contar para vocês como a carreira de escritora mudou a minha vida (em vários sentidos haha). Então vamos lá...

1.   Eu me tornei uma pessoa completamente obcecada por nomes.

Do fundo do coração, eu espero que isso também aconteça com outros autores, mas eu não posso ver um nome diferente, bonito e legal de pronunciar, que já guardo na gavetinha do meu cérebro de nomes possíveis para futuros personagens. É mais forte que eu, quando vejo, já até tenho as características físicas, jeito de ser e tudo mais. Sabem aqueles pais de primeira viagem que ficam horas pesquisando significados dos nomes na internet e fazendo listinhas sobre as opções? Prazer, Lavínia.

2.   Descobri que a minha memória é seletiva.

Não dá! Eu não consigo decorar aquelas fórmulas de Física, Matemática ou sei lá o quê, mas se uma ideiazinha (por mais boba que seja) cruza o meu cérebro, acabou! Não há nada no mundo que me faça esquecê-la, mas não me venha com essas equações de velocidade, aceleração, soma dos termos de uma PA... (eca!).

3.   Virei a maluca que fala sozinha na rua.

Ah, vai... todo mundo fala sozinho, pode confessar! Eu também falava antes de me tornar escritora, mas a diferença é que nunca tinha a coragem para isso na rua. Antes eu combinava comigo mesma o que ia fazer naquele dia, reclamava ou comemorava algum fato, nada demais e sempre em casa... Acontece que, depois de me tornar escritora, meu cérebro passou a ser um salão de encontro de personagens; eles simplesmente dominaram tudo! Quando percebo, as frases já saltaram da minha boca e aí não tem mais jeito!

4.   Perdi toda a vergonha para falar em público que ainda ousava habitar meu ser.

Quem me conhece, sabe: eu não sou uma pessoa que possa ser chamada de tímida – ok, sem eufemismos! Como diz a minha família, sou bem “despachada” (e é por isso que eu amo ser geminiana e ter uma desculpa para usar termos mais chiques como “comunicativa”, “versátil”, “sociável” quando no fundo, no fundo, a verdade é que sou faladeira e cara de pau). No entanto, me lembro como se fosse hoje da primeira palestra que dei em uma escola; eu estava mortinha de vergonha (dê um desconto básico, eu tinha treze anos!). Levei um tempo para me adaptar a isso, mas hoje acho supernatural (e amo!) quando as escolas me convidam para bate-papos. Só que o melhor de tudo é que isso me influenciou em vários aspectos, e são raras as situações em que fico tímida (eu disse tímida, não nervosa, porque aí é outra história...).

5.   Me tornei uma observadora muito mais atenta.

Manias, jeito de andar, histórias engraçadas, piadas internas... Tudo que vejo no meu dia a dia passou a ser útil no meu processo de criação (lembra da gaveta de nomes? Tem uma para arquivar isso também!). Eu costumo avisar: ter uma escritora como amiga/namorada/filha/qualquer outro laço é algo complicado. Esse tipo de gente não pensa duas vezes antes de se apropriar do que viu ou ouviu e, quando você menos espera, tá lá no livro aquela história bobinha que você, inocentemente, contou à sua amiga escritora. “Desculpa, mas qualquer semelhança é mera coincidência!”, ela vai dizer com a cara mais lavada do mundo.
Mas, convenhamos, copiar é a mais sincera forma de elogio, né? Se sua história foi usada, é porque ela era boa o bastante! Logo, fique lisonjeado e abrace sua amiga escritora (queridas pessoas que convivem comigo, essa é para vocês! <3 font="">

6.   Passei a usar os livros para tocar em assuntos sérios de forma leve.

Quem é de humanas vai me entender! A gente sempre gosta de fazer uma crítica social aqui, desconstruir um preconceito acolá... E eu encontrei força nas minhas personagens para fazer isso. Em De Olhos Fechados (meu segundo livro), contei a história da Cecília, uma protagonista cega, e abordei alguns desafios internos e sociais enfrentados por ela. Quando estava escrevendo meu novo livro, “Entre Três Mundos”, vi que, apesar de ser negra e apesar de a maioria da população brasileira também ser, meus personagens não eram e, por isso, senti a necessidade de mudar e de fazer com que os meus leitores se identifiquem com aquilo que leem. Já no meu projeto atual (ainda sem título), quero trabalhar mais sobre a questão do racismo no Brasil.
Ao mesmo tempo, eu escrevo para adolescentes e não sou nenhuma expert em sociedade (haha) e, por isso, tento tratar a representatividade de maneira leve e fácil, mas que seja capaz de atingir os leitores – o retorno que venho recebendo é fantástico! – e de me fazer crescer – sempre acabo aprendendo com os meus personagens.

7.   Me apaixonei por gramática.

“Doida” é o adjetivo mais comumente utilizado pelos meus amigos quando caímos nesse assunto (em vários outros também, mas vamos deixar isso pra lá). Depois que eu comecei a escrever, aprender regras ortográficas passou a ser um hobby. A língua portuguesa é dificílima, e eu tenho a impressão de que nunca serei capaz de aprender tudo, mas talvez seja esse desafio que me motiva! Tem sempre um site sobre regência e reforma ortográfica aberto para me ajudar enquanto escrevo, e fico tentando arrumar macetes para decorar, mas, infelizmente, isso não é suficiente para ser imune a erros e (claro!) sempre acabo cometendo. O mais legal é que consigo perceber meu desenvolvimento de uma história para outra (além dos títulos publicados, tenho outros no meu computador), e isso também me motiva a continuar aprendendo.

8.   Comecei a conhecer gente do Brasil inteiro!

Sempre me disseram que, quando você publica um livro, aquela história deixa de ser só sua, e eu só fui entender isso quando aconteceu comigo. Depois dos meus livros, comecei a ter contato com leitores, escritores e blogueiros de todas as regiões do Brasil. É incrível como que perdi o controle das minhas histórias (no melhor sentido da expressão), e elas passaram a ir para lugares que eu nunca imaginei! Acho isso uma das coisas mais gostosas de ser escritora!

Enfim, eu poderia escrever um livro só sobre como a minha vida mudou depois de ter publicado os meus xodós, mas tive que escolher apenas algumas... Espero que tenham gostado e, se sonham em publicar suas histórias também, a minha dica é: corra atrás! Não perca a oportunidade de ter a sua vida transformada também!

Beijos de luz,
Lavínia Rocha.

Para ler outros textos do Outubro Especial, clique aqui.

Leio na Rede, Gaby Monteiro



Nenhum comentário:

Postar um comentário